GALERA ESSA É UMA ENTREVISTA FEITA POR MEU VELHO AMIGO DE ESCOLA JEFERSON, QUE ESTUDA ARTES CÊNICAS EM LONDRINA.
JEFERSON É PERFORMER E VIOLONISTA/GUITARRISTA DE PRIMEIRA. VOCÊS AINDA VÃO OUVIR FALAR DESSE CARA. SIMPLESMENTE DEMAIS.
João Bonatte, é artista natural de Tupã-SP.Mora atualmente em Americana-SP, tendo dirigido e atuado em diversas produções teatrais, passando até por sheakespeare, quando dirigiu o espetáculo A Tempestade, além de O Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna, e outras diversas produções ao longo de 17 anos de carreira.
Atualmente, está em fase de produção do espetáculo Tchau, adaptação da obra literária de Ligya Bojunga, atuando como ator.
Nessa entrevista, ele fala sobre sua maior paixão, o teatro, com sinceridade e personalidade.
"(...) alinhando a pratica coma teoria, você está a meio caminho andando de ser um bom ator (...)".
"Assim que perguntou, o palco foi invadido por umas 500 crianças, todas alvoroçadas quetendo participar. O desespero foi total...
Contato: jbonatte@hotmail.com
Bom, vamos começar, obviamente, pelo começo. Como foi o seu começo no mundo das artes ?
Comecei meio que no "vamo que vamo", num projeto chamado A Escola Faz Teatro, na cidade de Tupã, em 1991. Na época, cursava a 8a série.Tive minha estréia na peça Dom Casmurro, de Machado de Assis, com o personagem Bentinho.Foi uma loucura aquele dia, pra quem nunca havia feito e morria de vergonha de encarar o público,acredito que fiz o que podia, e a partir dai nunca mais deixei esse lugar sagrado que chamo de palco.
E é um puta personagem esse Bentinho né cara, toda a pira dele, a certeza de que foi traído, ou a incerteza. Nessa época você já fez um trabalho de construção do personagem no sentido psicológico ?
Sim, realmente uma loucura. Pegar um personagem tão forte numa estréia no mundo do teatro foi complicado. Quanto a pesquisa... (risos).Cara, naquela época nem sabia que tinha que fazer essas coisas (...) foi no embalo mesmo, nas dicas do diretor, que na época era o senhor Bertazzoni, meu mestre nesse mundo do teatro.Foi através da experiência e das ferramentas que ele me dava que fui construindo o Bentinho.
Era muito imaturo teatralmente falando, nem sabia o que estava fazendo, sabia que gostava e que queria aquilo pro resto da minha vida. Acredito que deva ter sido eu mesmo, com minhas neuras e dúvidas de um adolecente (...)
Nossa, então foi tipo, paixão a primeira vista ?
Com certeza. O teatro surgiu por acaso na minha vida, mas por acaso ele nunca mais saiu (risos).
E do pessoal que surgiu contigo nesse projeto, você se lembra ? Manteve contato ? Sabe se ainda fazem teatro ?
Nunca mais tive noticias (...). Acredito que eu tenha sido o único que trilhou os caminhos do teatro, que segue como profissão.
É. É muito raro quem queira seguir teatro como profissão. Tem que ter paixão e coragem. As pessoas se iludem muito com isso vc não acha ?
Sim. No meu caso foi facil seguir, facil entre aspas claro, porque tinha apoio dos meus pais,e minha personalidade sempre foi muito forte. Sempre fui independente e fiz aquilo que queria, depois de sentir o calor de uma platéia tive a certeza do que queria era estar sempre em busca da personagem, sempre nos palcos da vida. Com o teatro foi amor, e está vivo em mim e vai continuar.
Quanto as pessoas,muitos atores que começam se iludem bastante sim. Eu, graças a bons profissionais, e antes de tudo,bons artistas, tive a mente bem aberta em relaçao a essa arte tão maravilhosa. Só tenho a agradecer à essas pessoas.
Então. Essa é uma profissão - muito embora muitos não a considerem, mas é - que nos propicia conhecer muita coisa. Sobre a gente mesmo né? viver experiências que outras profissões não nos propiciariam. Embora cada profissão tenha sua particularidade, nenhuma seja de maior ou menor importância. Agora, conta ai algum "causo"que aconteceu contigo, que você julgue engraçado, ou do qual tenha tirado alguma lição..
Concordo Jeferson,uma grande maioria nao acha que teatro é profissão,mas é,e uma grande profissão,uma profissão que mexe muito com nosso lado humano,nosso "humano" está sempre em jogo, sempre em cheque,pois somos muitos no palco, se não estivermos muito bem centrados na vida,com certeza não mostraremos o que realmente tem que ser mostrado na vivência de uma personagem.
Quanto aos fatos engraçados (risos), o teatro sempre nos proporciona isso. Tenho como base os anos de teatro infantil que tenho na bagagem. Teatro pra criança é algo que todo ator deveria fazer, pois as crianças sao sinceras naquilo que pensam, se gostam gostam, se não gostam, pulam, levantam, atrapalham, enfim...
Lembro de um fato que foi muito engraçado em relaçao a dominio de platéia
Estavamos num espetáculo chamado Dona Baratinha, um infantil, e estavamos num patio de escola, levando o teatro para dentro da escola. Éramos em três atores: eu fazia um cachorro, tinha o Dom Ratão e a Dona Baratinha. Num dado momento do espetáculo, tinha uma interação com platéia. Era o casamento da barata e a atriz pegava algumas crianças da plateia para subir ao palco.As crianças estavam tão integradas na história que a atriz caiu na burrada de perguntar quem queria subir no palco (...) ela sozinha em cena,e nós, atrás do palco ... Assim que perguntou,o palco foi invadido por umas 500 crianças, todas alvoroçadas querendo participar. O desespero foi total ...
E ai ? Pra controlar a situação ?
Tinhamos que fazer algo. O que ?
Daí que veio uma ideia na cabeça: na minha bolsa tinham algumas fitas de audio,com músicas diversas.Rapidamente escolhi uma bem animada liguei o som bem alto e junto com o dom Ratão fomos num trenzinho colocando as crianças no seu devido lugar: a platéia. Criança adora brincadeira, elas embarcaram na nossa e rapidinho voltou ao normal.Mas aprendemos que com crainça temos que tomar cuidado... (risos)
Nossa, que situação ...
A atriz nunca mais perguntou quem queria participar, ia pra platéia, pegava alguns e levava pro palco,foi uma grande lição.
Puxa vida. Se fosse com "gente grande", aposto que ninguém ia querer, ou poucos aceitariam.
Sim, por isso que fazer teatro pra criança é muito bom pro ator.
E ai, acho eu, pra cativar o público adulto. Fica mais fácil né ?
O adulto é mais hipocrita, digamos assim.Ele pagou, e por isso fica até o final mesmo achando uma merda o que está vendo.E tem vergonha de sair no meio do espetaculo.
É foda. Mas é verdade. Com raríssimas exceções.
Não vamos generalizar tbm né.
E você fez mais infantil ou mais adulto até agora ?
Digamos que mais infantil, porque vivo disso, e o teatro infantil tem mais retorno, mas estive em algumas produções destinadas ao publico adulto também.Minha ultima foi o Anel de Magalão do Abreu
É, não tem como né ? Você vive disso,e ninguém vive sem dinheiro.
Sim...
Então, a gente tem que passar por cima de nossas convicções as vezes e aprender a ficar quieto, aceitar algumas limitações...
Todos temos limitaçoes, isso é normal. O legal é o desafio dessas limitações
Por isso que olha, eu faço faculdade de Artes Cênicas, mas sempre respeitei muito mais a experiência do que o diploma. Muito embora saiba que os dois têm seu valor. E a realidade ai fora, é completamente outra.
Por isso que o cara que se acha o bam bam bam porque tirou DRT por exemplo, muitas vezes vê que a coisa é diferente...
Um diploma, ou o tão estimado DRT é extremamente importante, mas não é o fator primordial pra um ator. Numa escola, ou numa faculdade, vivemos uma experiência teatral, pois estamos aprendendo com profissionais. Isso é muito bom, esses profissionais já nos passam um pouco da problemática do que é o mundo real do teatro, mas nada como a prática, o dia a dia, o dar a cara a tapa e prender,com os erros e acertos.
Fazendo teatro com a intervenção de uma escola que está por trás de tudo, você tem a segurança, você tem um diretor, um preparador vocal, um preparador corporal, enfim,se torna facil. A realidade, você sozinho, é outra...
É. Com certeza.
E ter que viver disso, o ter que comer disso, faz com que muitos atores que fazem uma escola, terminem atrás de um balcão de uma lanchonete.Não generalizando claro
Claro, com certeza. E nem que isso seja inferior também.
Temos muitos profissionais que conseguem se firmar,mas é um leão por dia que se tem que enfrentar. A TV de certa forma popularizou a profissão do ator. Muitos querem ser atores, mas pensam na fama, no sucesso, no dinheiro, e se esquecem que esse meio é um meio muito dificil, e hoje em dia muito mais concorrido por essa popularizaçao, digamos assim, que a tv trouxe. P or isso que sempre digo que o teatro tem uma seleção natural, só fica quem realmente ama essa arte, e que antes de ser ator, quer ser atista, artista descobridor, pesquisador, que se dedica, que procura o que precisa para tornar seu artista firme e forte na arte de interpretar
E nessa sua busca, como que veio a parte do estudo teórico ? Você leu muito a respeito de teatro ?
Cara, sim, muito (...) Desde que saí de Tupã e me enveredei por São Paulo,e com outros grupos, meu interesee, minha vontade de aprender, sempre foi muito marcante. Lia muito. Hoje, bem menos do quyea ntes, por uma série de fatores, mas sempre que posso estou a pesquisar algo. É preciso sempre buscar, coisas novas são bem-vindas. Não me prendo muito em teorias, sei alinhar o prumo, sei acentar os tijolos e arranho na teoria. M as a teoria é extremamente importante.
Teoria é como um convite à reflexão concorda ? Você trabalha seu corpo, sua voz, e chega um teórico e diz. "Já pensou nisso antes" ?
Sim (risos), por isso que digo: alinhando a pratica com a teoria, você está a meio caminho andando de ser um bom ator.
SE QUISEREM SABER MAIS SOBRE O JEFERSON:
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hum...esse joão bonatte aí da entrevista...sou eu..rsrrss...que faz minha entrevista nesse blog?
ReplyDeletehaha ta zoando.
ReplyDeleteessa entrevista eu peguei no blog do jeferson, natural de tupa, com quem estudei no cefam la por 2001, 2002.
ele foi pra londrina, eu estou em sao carlos, mas vi a sua entrevista no blog que ele mantem e resolvi divulgar visto que tenho grande interesse nas áreas de teatro, literatura (a citação ao Bentinho no caso), e artes em geral xD
num to zoando não....sou eu mesmo....dei essa entrevista pro jeferson que conheci lá em Tupã, numa oficina de teatro que ministrei...grande cara o Jefferson...obrigado por divulgar a entrevista....abraços...
ReplyDeletenum to zoando não....sou eu mesmo....dei essa entrevista pro jeferson que conheci lá em Tupã, numa oficina de teatro que ministrei...grande cara o Jefferson...obrigado por divulgar a entrevista....abraços...
ReplyDeletePoxa! Valeu por se lembrar de mim e postar essa entrevista no blog.Como vão as coisas rapaz ?
ReplyDeleteOutro dia, conversando com o Bonatte pelo msn, ele me disse que você tinha postado a entrevista que eu tivera com ele.Fiquei muito feliz em lê-la aqui.
Forte abraço ! Sucesso !!!!