Thursday, January 29, 2009

Da improbidade emocional com as ostras

Desinteressando os olhares oblíquos às matizes de cores às quais palavras, palavrinhas e palavrões nos fazem remeter, pausei hoje por um tempo a contemplar a maravilha que é a expressão do pensamento.

Dotados intrinsecamente da dor eterna de sentir-se enquanto indivíduos, os seres humanos armam-se de diversificadas estratégias comunicacionais para expurgar a parcela de seu eu que lhes incomoda internamente naquele fatídico momento [ostras dariam um braço para serem humanas].

Não dando-se conta de que o repetitivo, mas, ao mesmo tempo, original tilintar de suas sílabas quebradas ecoa no mesmo ritmo e frequência das de diversos dos seus inter[NETo]locutores, o indivíduo homem (substantivo aqui usado para designar a espécie) entrega-se à lágrimas mentais que o fazem pensar afogar-se no frio oceano comumente conhecido como solidão. Motivo 2 de a Terra ser o conhecido Planeta Água.

Essa característica inerente desta forma de vida [que emprega seus 'melhores cérebros' no esforço de resumi-la a uma mera combinação de proteínas + organelas + impulsos elétricos matematicamente previsíveis - acidentalmente criada quando um raio atingiu uma sopa de aminoácidos], vem agregada de uma acentuada cegueira emocional que, contraposta à sua necessidade de ser compreendida e ouvida, a impede de perceber que outros dentre seus próprios semelhantes desejam igualmente pela compreensão e atenção que tanto necessitam.

Este descompasso orgânico-social criado psicologicamente por cada indivíduo é matéria-prima deste que é o vínculo invisível interligando todo e qualquer espécime do gênero sapiens sapiens, a saber, a solidão, sendo este desencontro emocional incontinentemente refletido em todas as relações das quais elegem participar.

Pensando bem, vou voltar aos meus olhares oblíquos às matizes de cores às quais palavras, palavrinhas e palavrões nos fazem remeter.


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