Na verdade, tive que assisti-lo duas vezes, até que pudesse ter uma opinião satisfatória [que não fosse: hmm... legal [odeio hmm... legal, coisa de amebas]].
Poderia dizer que o filme é bom, muito bom e de certa forma surpreende.
Não sei porquê mas filmes como Estômago e Cidade de Deus me passam uma sensação de desconforto, uma atmosfera de sufocamento e de "falta de controle"/imprevisibilidade da situação, embora goste destes filmes. Talvez porque imitem uma realidade mais próxima à nossa de brasileiros, do que um blockbuster hollywoodiano.
Hoje reconheço que o filme estadunidense comum está tão ligado à idealização, ao heroísmo improvável, à venda da imagem perfeita que em grande parte fugiu da realidade palpável. Mesmo quando retrata um drama de história real, o enredo conta a história de uma forma tão romantizada [no sentido da idealização, não necessariamente amorosa], como se o filme tivesse que necessariamente [e artificialmente, se preciso] tocar o coração dos espectadores e levá-los aos soluços e às lágrimas.
Enfim, à estrutura.
O filme começa in media res, mostrando imagens do sujeito Raimundo Nonato chegando a sua nova vida na prisão [ele se preocupa em inventar para si um nome que assuste, "Nonato não é nome de preso".]. Logo após volta-se no tempo e chegamos ao momento em que Raimundo chega a São Paulo vindo do Nordeste buscando vida melhor. A partir de então o filme conta as duas histórias de maneira intercalada: o começo da vida em São Paulo, até a prisão; e o começo da vida na prisão até a revelação final dos planos de Raimundo.

[Atenção, parte dos comentários podem ser considerados spoilers]
O título e a história trabalham em conjunto numa tentativa de demonstrar que é uma verdade básica o dito de que "o homem come pra viver e vive pra comer."
Partindo desse pressuposto, essa necessidade básica seria a que faz rodar as engrenagens do mundo, e todas as outras relações - o homem consigo mesmo, o homem e a sociedade, o homem e o meio - seriam apenas ramificações ou estariam permeadas por aquela relação primeira.
Isso fica evidente no filme que retrata desde a venda da dignidade por um prato de comida, até o gastar de pequenas fortunas por parte dos ricos com pratos/bebidas considerados requintados, além da importância dada pelo recluso/presidiário à arte culinária.

O filme é acima de tudo um ensaio sobre aprendizado, ao mostrar o quanto Raimundo, dentro de suas características individuais de homem simples e honesto, absorve o que ocorre ao seu redor e se adapta para usar as situações de uma forma que não seja prejudicado, de forma que se proteja. E é a gradual tomada de consciência desta regra básica [ "o homem come pra viver e vive pra comer"] que marca a reviravolta no homem indefeso.
Bem estas foram só algumas das minhas opiniões sobre o filme, vc pode assistir e não enxergar nada disso. Mas recomendo mesmo assim.
Abaixo a sinopse do filme e detalhes:


Título Original: Estômago
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 112 minutos
Ano de Lançamento (Brasil / Itália): 2007
Distribuição: Downtown Filmes
Direção: Marcos Jorge

Raimundo Nonato (João Miguel) foi para a cidade grande na esperança de ter uma vida melhor. Contratado como faxineiro em um bar, logo ele descobre que possui um talento nato para a cozinha. Com suas coxinhas Raimundo transforma o bar num sucesso. Giovanni (Carlo Briani), o dono de um conhecido restaurante italiano da região, o contrata como assistente de cozinheiro. A cozinha italiana é uma grande descoberta para Raimundo, que passa também a ter uma casa, roupas melhores, relacionamentos sociais e um amor: a prostituta Iria (Fabiula Nascimento).
Maiores detalhes:
http://www.estomagoofilme.com.br/
http://www.adorocinema.com/filmes/estomago/estomago.asp
Próximo post espero trazer uma entrevista do Tim Burton em que fala das gravações de sua versão de Alice no país das maravilhas, com Depp e Bohan-Garter no elenco [espero que siga a linha de American McGee's Alice in Wonderland \o/]




Nossa, to ansiosa pra ver a versão do Button para Alice no pais das maravilhas...gosto de algumas coisas dele, embora tenha achado Sweney Toddy(não lembro a grafia correta) meio morno, esperava mais do filme!
ReplyDeleteO comentario que você fez no post do eclipse no meu blog me deixou pensativa, mas com uma sensação boa.Você sacou a historia do sol?Um dia me lembra de te contar a historia...